“Meu problema é que sou uma pessoa desligada. Só que eu não sei porque peguei e abri a fatura. Impossível eu ter feito uma compra de R$ 400 e não lembrar. Quando eu vi os jogos, eu nem tenho Googleplay no celular. A fatura seguinte chegou, e a primeira coisa que eu fiz foi conferir dado por dado”, relata Torres, que já havia passado por situação semelhante em 2018.
O diretor de arte ligou para o banco para cancelar o cartão e não pagou pelas operações não autorizadas. Ele acredita que os dados tenham sido capturados em algum site de compras.
“Quando liguei para o banco disseram que poderia ser algum tipo de site em que comprei alguma coisa. Foi até legal que eles deram dica para usar o cartão que é gerado virtualmente. Agora, todas as compras on-line eu uso cartão virtual”, afirma.
E todos esses cuidados tomados agora por Torres são necessários. O Brasil lidera um ranking de 65 países de vazamento de dados de cartão de débito e crédito. Em 2020, o país contabilizou 45,4% do total de 2.842.779 cartões expostos detectados pela empresa de cibersegurança Axur, ficando 10 pontos percentuais à frente do segundo colocado, os Estados Unidos.
Fonte: Axur
O levantamento da empresa mostra ainda que das 10 instituições financeiras com maior volume de dados vazados, sete são brasileiras. A identificação da empresa pode ser feita pelos seis primeiros dígitos de um cartão de crédito ou débito, o Bank Identification Number (BIN).
vazamento de dados de cartões
Segundo Eduardo Schultze, líder de Threat Intelligence da Axur, a liderança do Brasil no ranking é explicada pelo tamanho da população, com um grande número de potenciais vítimas para os criminosos. Além disso, o crescimento do comércio eletrônico tem dado impulso aos golpes. “Muitas pessoas estão comprando pela primeira vez pela internet”, afirma.
O golpe mais comum, explica o especialista, é o phishing, ação fraudulenta caracterizada por tentativas de adquirir ilicitamente dados de outra pessoa como números de cartões de crédito e informações financeiras. Em geral, a vítima é levada para um site falso onde ela digita os dados, que serão capturados pelo criminoso .
“Uma outra forma é o malware, o vírus que fica monitorando tudo o que a pessoa digita, mas é o menos comum, porque hoje em dia há muitas proteções contra a instalação destes arquivos”, completa.