“Defunto do voto impresso foi enterrado”, diz presidente do TSE

Por Ricardo Brito

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira que finalmente o defunto foi enterrado após se referir a uma série de eventos que levaram ao arrefecimento das discussões sobre a adoção do voto impresso para as urnas eletrônicas.

“Tenho a impressão que, depois que a Câmara dos Deputados votou, o presidente do Senado disse que não reabriria a matéria e que agora o próprio presidente da República disse que confia no voto eletrônico, acho que finalmente esse defunto foi enterrado”, disse ele, em entrevista a jornalistas no TSE.

Após meses atacando as urnas eletrônicas, inclusive ameaçando não ter eleições no próximo ano, o presidente Jair Bolsonaro disse em entrevista recente à revista VEJA que não tinha por que duvidar do atual sistema de votação após a participação das Forças Armadas em todo o processo de auditagem das urnas.

Um representante dos militares fará parte de uma comissão do TSE para acompanhar a auditagem do sistema.

Na coletiva, Barroso disse ter ficado “extremamente feliz” com o fato de Bolsonaro ter sido convencido de que não há problemas no voto eletrônico. O presidente atacou duramente Barroso nos últimos meses por se opor ao voto impresso nas urnas eletrônicas –proposta que foi rejeitada pelo plenário da Câmara.

O presidente do TSE minimizou a ausência de representantes políticos críticos ao voto eletrônico no evento de mais cedo para aumentar a transparência em todas as etapas do processo eleitoral.

“A gente não seduz quem não quer ser seduzido”, disse.

TRANSPARÊNCIA

A um ano das eleições gerais, o presidente do TSE abriu o “Ciclo de Transparência Democrática – Eleições 2022” evento com a participação de representantes de vários partidos políticos e outras autoridades em que se demonstrou todos os passos para o uso das urnas eletrônicas.

O TSE decidiu ampliar e antecipar a exposição e a participação dos envolvidos no processo eleitoral após constantes ataques feitos pelo presidente contra o atual sistema eletrônico de votação.

Nesta segunda, na inauguração do ciclo de transparência, representantes dos partidos puderam acompanhar no TSE a etapa de código-fonte, conjunto de linhas de programação do software da urna eletrônica para que ela funcione.

O presidente do tribunal disse que a corte está muito empenhada em prover para a sociedade brasileira “eleições limpas, seguras e auditáveis”, destacando que o país está no maior período de estabilidade democrática, 33 anos desde a promulgação da Constituição de 1988.

“Nós nos empenhamos em que as urnas expressem fidedignamente a vontade popular e que o jogo transcorra da forma mais limpa possível”, afirmou.

O secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Júlio Valente, fez uma explicação de todas os 12 pontos de auditoria do sistema, desde o ato desta segunda-feira até a lacração do programa das urnas para ser usado na votação propriamente dita.

Valente destacou que as urnas funcionam fora de redes de internet e que o processo, adotado desde 1996, retirou a intervenção humana que poderia levar a fraudes, numa referência à época em que a votação era em cédulas de papel e a contagem manual.

“É um processo auditável, inovador e em 25 anos passa por melhorias contínuas”, reforçou.

Mais cedo, sem citar Bolsonaro, Barroso afirmou que o Brasil terá sim eleições livres e instituições funcionando em 2022, apesar dos ataques que foram feitos à democracia no país.

“Estou seguro que chegaremos às eleições de 2 de outubro de 2022, daqui um ano, com instituições funcionando, eleições livres, instituições funcionando, uma campanha aberta, robusta, mas digna, para escolha do novo presidente do Brasil e para as representações no Congresso e nas assembleias legislativas”, afirmou na abertura de um seminário sobre integridade eleitoral na América Latina, organizado pelo TSE para marcar um ano até as próximas eleições.