Governo do Acre anuncia congelamento do ICMS dos combustíveis por 90 dias, mas medida não deve gerar grande ‘alívio’

Por Alcinete GadelhaCongelamento do ICMS não deve gerar grande ‘alívio' no preço dos combustíveis no AC, diz governo após votação favorável — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Congelamento do ICMS não deve gerar grande ‘alívio’ no preço dos combustíveis no AC, diz governo após votação favorável — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Apesar de o governador do Acre, Gladson Cameli, votar favorável ao congelamento por 90 dias da base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado de combustíveis, a medida não deve trazer grande alívio no preço final do produto já que o estado não tem alteração na alíquota desse imposto desde 2004.

A informação é do secretário Adjunto da Receita Estadual da Sefaz, Breno Caetano. Ele informou ao g1 que essa medida sozinha é insuficiente para solucionar o problema do preço dos combustíveis.

“Devido o governo federal adotar outras medidas para conter o aumento dos preços, uma vez que o preço aumenta devido a conjunção de três fatores que é o dólar, o preço internacional petróleo e a política adotada pela Petrobras. E, nesse sentido, volto a destacar que o ICMS não é o vilão dos preços dos combustíveis, já que desde 2004 não há aumento na alíquota do ICMS sobre os combustíveis no estado do Acre”, disse.

O congelamento do cálculo foi aprovado no último dia 29 de outubro e tem efeito limitado, pois preços do petróleo e alta do dólar foram os motores de elevação da gasolina e do diesel na bomba. No ano, o diesel acumula alta de 65,3% nas refinarias. Já a gasolina subiu 73,4% no mesmo período.

A nova medida ‘trava’ esse valor pelos próximos 90 dias, ou seja, até 31 de janeiro de 2022, mas não tem poder sobre os demais componentes que formam o preço dos combustíveis.

“A proposta foi aprovada por unanimidade pelo Confaz [Conselho Nacional de Política Fazendária] como uma demonstração da disposição de todos os estados em contribuir com o controle dos preços dos combustíveis que, hoje, está instável. Hoje, o PMPF [Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final] é calculado a cada 15 dias pelos estados com base no preço dos combustíveis praticados no varejo, ou seja, o preço que está sendo vendido na bomba aos consumidores.

Caetano afirma que manterá o PMPF informado no Confaz até 1º de novembro, independente se o preço na bomba aumente ou diminua até 31 de janeiro de 2022. Ou seja, se a Petrobras anunciar um novo aumento, o ICMS permanecerá o mesmo de 1º de novembro, e não será cobrada a diferença da refinaria ou dos postos.

Em caso de aumentos, o estado abrirá mão de receita, em tese, o que impacta na arrecadação do estado e, consequentemente, na dos municípios. O inverso também vale, em caso de diminuição do preço nas bombas, o estado manterá a base de cálculo do ICMS de 1º de novembro, neste caso, a arrecadação será maior do que deveria ser, pois o PMPF é a média dos preços repassados ao consumidor a cada 15 dias.