“Gripezinha” e “Não fique em casa”, mataram mais 30 mil em janeiro

Ricardo Kertzman

Certas coisas são tão óbvias, mas tão óbvias, que fazem a alternância entre a noite e o dia parecer duvidosa. Se um bicho tem pés de pato, bico de pato e anda como pato, então é um pato, ora.

A Europa foi varrida por uma segunda onda de Covid após as férias de verão, em que a garotada sobretudo tirou o atraso e foi “ser feliz”, curtindo o sol e as baladas como se não houvesse amanhã.

Os Estados Unidos, ignorando o equívoco europeu, não aliviou na comemoração do Dia de Ação de Graças e colhe, até hoje, números recordes de infecções do novo coronavírus e de mortes diárias.

Por aqui, uma parcela considerável da sociedade, formada por irresponsáveis egoístas e negacionistas ignorantes, ligaram o “foda-se” e promoveram festas de fim de ano como há muito não se via.

Para piorar, um verão escaldante, sem jamais nos esquecermos, é claro, do psicopata na Presidência da República e do bibelô no Ministério da Saúde, resultaram na ausência de medidas profiláticas.

Apenas em janeiro, o Brasil contou 30 mil mortos por Covid-19 e quebrou o recorde negativo de julho de 2020. Surpresa? Nenhuma. Até os assassinos que maldizem o distanciamento social sabiam disso.

A boa notícia é que, com as novas medidas de restrição adotadas Brasil afora, a transmissão e as mortes irão diminuir. A má, contudo, é que seguimos com um governo ausente, suicida, e sem vacinas.